domingo, 1 de maio de 2011

Novo Uno Cabriolet Turbo?


Na época do Salão do Automóvel de São Paulo do ano passado, a Fiat aproveitou os trabalhos para a então inédita carroceria duas-portas do Novo Uno e preparou um showcar para "bombar" o compacto naquele evento -- em outubro de 2010, o Uno do século 21 já não era novidade para os brasileiros. Daí surgiu o Uno Cabrio, um exercício de estilo e engenharia com um pé na vida real: o pequeno conversível anda de verdade, graças ao motor 1.4 turbocomprimido T-Jet oriundo de modelos como Punto, Linea e Bravo.


O reforço da estrutura elevou o peso do Cabrio em 200 kg na comparação com o Uno normal. No showcar não há capota retrátil -- nem rígida, nem de lona. Um mecanismo específico de abertura e fechamento teria de ser desenvolvido ou comprado para o carrinho, e aí a brincadeira ficaria cara demais. Assim, a cabine está permanentemente exposta. Santantônios de metal protegem os dois ocupantes, algo fundamental em caso de capotagem. Mas contra chuva não haveria jeito.





Um propulsor vigoroso como o T-Jet, capaz de gerar 152 cavalos para mover um carro que habitualmente se contenta com 88 cavalos (motor Fire Evo 1.4 com etanol), merece ser temperado por condimentos picantes, e a bordo isso se traduz em volante de base achatada e bancos tipo concha da grife Abarth, a preparadora da Fiat; um câmbio de haste longa e reta, bem esportivo; e um painel que privilegia o conta-giros (o velocímetro digital fica dentro dele). O indicador de pressão do turbo é outro charmoso diferencial desse "possível" Uno Cabrio, assim como as rodas de aro 16 calçadas com pneus de perfil baixo. Pelo lado de fora destacam-se os parachoques redesenhados, bem agressivos e com grande tomada de ar na peça dianteira.

CONCEITO MÓVEL

Experimentamos o Uno Cabrio nesta quarta-feira (27) no Kartódromo de Aldeia da Serra, que tem uma das melhores pistas "extra-oficiais" para testes de carros de passeio na Grande São Paulo. Ali, cravando o pé no acelerador sem dó e fazendo curvas a um milímetro de rodar, notamos como o motor turbinado caiu bem nesse carrinho, especialmente acoplado a um câmbio mais duro e seco nos engates -- em vez da tradicional lassidão dos câmbios manuais da Fiat (inclusive nos modelos T-Jet). Nas retas, o Uno Cabrio disparou como um tiro.
Ao prazer de pilotar com a cara ao vento e exagerando nas curvas (nas quais o Uno Cabrio esbanjou confiabilidade) somou-se o deleite de ouvir o turbo bufando e estalando, como a pontuar o já divertido ronco do motor. Donos de Punto e demais T-Jet não têm esse privilégio, devido às cabines fechadas e ao isolamento acústico ligado no modo "careta".

Mas haverá, um dia, donos de Uno Cabrio?

Representantes da Fiat que acompanharam o test-drive não responderam a isso com um "NÃO" rotundo, mas estiveram longe de insinuar o contrário. Muita coisa joga contra, inclusive o abandono total do nicho de carros compactos conversíveis no Brasil desde os tempos de Escort e Kadett "descapotáveis". Seria preciso criar um consumidor totalmente novo.

Também seria complicado adaptar uma linha de produção azeitada e de entrega massiva (mais de 3.000 carros/dia) para fazer um modelo idiossincrático, de volume pequeno (talvez menos de 5% disso).
E quanto a produzir um Uno "normal" dotado de motor T-Jet?
Pelo que apuramos, isso é menos improvável, mas até o confuso posicionamento de mercado (mais caro que o Punto e talvez acima de versões do Bravo) é um entrave. Como disse um dos "fiatistas", esse motor "é um pouco demais para o Uninho". Nós pedimos licença para discordar. O mundo do improvável é mesmo mais interessante.

fonte: Uol